Roteiro de arte grátis em Lisboa
Murais, fachadas, esculturas em jardins, intervenções em lojas, paredes de hotéis, monumentos históricos. Não faltam manifestações de arte grátis em Lisboa.
Da próxima vez que passear por um jardim, que entrar numa loja de roupa ou que se sentar à mesa para jantar, olhe bem à sua volta. As manifestações de arte estão um pouco por todo o lado em Lisboa e estas têm entrada livre. À superfície, ou debaixo de terra, venha daí (praticamente) sem gastar um tostão.
Roteiro de arte grátis em Lisboa
Alguns prazeres dos cemitérios
Há muito que deixou de ser um passeio mórbido, e neste caso particular, vale a pena estar vivo e bem vivo para apreciar o património arquitectónico. O Cemitério dos Prazeres, constituído quase exclusivamente por jazigos particulares, foi construído no período romântico, em 1833, por ocasião da epidemia de “cólera morbus”. Na Capela dos Prazeres encontra a antiga sala de autópsias e desde 2001, o Núcleo Museológico. Siga a visita guiada pela última morada de uma série de personalidades. Não esqueça o Mausoléu de D. Pedro de Sousa Holstein, Duque de Palmela (1781-1850), o maior mausoléu particular da Europa.
Aproveite a boleia e siga viagem para uma atracção que em Setembro de 2016 foi classificada como Monumento de Interesse Municipal, e não por acaso, ou por necrofilia exacerbada. O jazigo dos Viscondes de Valmor, no Cemitério do Alto de São João, na Penha de França, reveste-se de valor patrimonial e simbólico; afirmando-se como destacado exemplar da arquitetura funerária da cidade. O projeto geral de 1900 é da autoria do arquitecto Álvaro Machado, de origem neo-romântica, promovido e conduzido nas suas várias fases pelo Grémio Artístico, o antecessor das Belas Artes.
O Homem-Sol e outros encantos do Parque das Nações
Quem nunca combinou um encontro junto à estátua do "Homem-Sol" durante a Expo 98 é porque já nasceu na década de 90. Obra emblemática do Parque das Nações, associada à sua reabilitação, em vésperas da despedida do século XX, funciona como síntese da obra do lisboeta Jorge Vieira (procure-o também na Praça do Município), numa união entre o espírito surrealista e a abstração pura. Se sair no metro do Oriente, não tem que andar muito para encontrá-la. Depois, continue a explorar a zona, fértil em intervenções artísticas, como o Lago das Tágides, de João Cutileiro.
Confira a escultura em ferro com figuras humanas em tamanho real, do artista britânico Antony Gormley. Ainda no campo de escultura, observe o "Homem-Muralha", de Pedro Pires, criação virada para a Torre Vasco da Gama.
Na fachada do Hotel VIP Arts, acompanhe o painel de azulejos do artista plástico islandês Erró, que se baseou em personagens da banda desenhada e da ficção científica norte-americanas.
Mais para norte, depare-se com Catarina de Bragança, estátua de Audrey Flak com uma história curiosa. Esta é uma réplica de uma outra que deveria ter sido instalada em Nova Iorque, celebrando a infanta portuguesa que deu o nome a Queens. Devido ao protesto da comunidade afro-americana, pelo envolvimento da família da rainha no comércio de escravos, a ideia ficou sem efeito. Mora junto ao Tejo.
O Padrão dos Descobrimentos e outros clássicos
Quem é a figura magestosa em destaque? É o Infante D. Henrique, homenageado nesta obra de Cottinelli Telmo, com esculturas de Leopoldo de Almeida. O monumento original foi erguido em 1940 por ocasião da Exposição do Mundo Português para homenagear as figuras históricas envolvidas nos Descobrimentos portugueses. O betão e a pedra da réplica actual, inaugurada em 1960, garatem a longevidade deste emblema alfacinha.
Há muitos mais clichés imperdíveis a explorar só na zona de Belém, casos da Torre, do Monumento aos Combates do Ultramar ou do Monumento a Sacadura Cabral e Gago Coutinho.
A "Lisboa" de José de Guimarães e outras rotundas
É na rotunda da Praça 25 de Abril, em Marvila, que se ergue esta obra denominada "Lisboa". O cimento pintado, trabalhado em estilo abstracto por José de Guimarães, data de 1999. O conjunto, pensado inicialmente para ser instalado junto à Cordoaria Nacional, tem uma altura de 25 metros e representa uma homenagem aos "construtores da cidade".
Nem sempre as rotundas são os pontos de passagem mais glamorosos da cidade, mas ninguém os bate em visitas, ainda que por vezes mal se preste atenção à obra no centro. Não se esqueça de um dos monumentos mais óbvios, a estátua do Marquês de Pombal, inaugurada a 13 de Maio de 1934, com um pedestal em pedra trabalhada e 40 metros de altura. O projecto contou com a intervenção dos arquitectos Adães Bermudes e António do Couto, e dos escultores Francisco dos Santos, Simões de Almeida e Leopoldo de Almeida.
Destaque ainda para um deus bastante resistente. Corria Março de 2016 quando um condutor ao volante abalroou a Fonte de Neptuno, no Largo Dona Estefânia. O aspecto positivo deste "atropelamento" é que a estátua de Neptuno, uma escultura do século XVIII da autoria de Machado de Castro, sobreviveu à investida das quatro rodas. Passe por lá, de preferência a pé, para evitar acidentes.
Pelos jardins de Lisboa
Quantas vezes já circulou por aqui e nem prestou atenção às estatuetas que povoam estes cenários verdejantes? Há muito por descobrir nos jardins de Lisboa. Comecemos pelo Guerra Junqueiro, mais conhecido como Jardim da Estrela. O nosso destaque vai para o "Cavador" (1913), da autoria de António Augusto da Costa Motta (1862-1930), que nos devolve aos primórdios do século XX. A peça representa a figura de um trabalhador com enxada em pleno movimento. Eis o cavador de mangas arregaçadas e calças de trabalho, com o seu chapéu de aba larga. Foi a primeira escultura a ser colocada no Jardim da Estrela depois da implantação da Republica.
As paredes e murais são as telas destes artistas
Foi um dos acontecimentos mais recentes da arte urbana em Lisboa: o mural de André Saraivano Jardim Botto Machado (junto à Feira da Ladra) com 188 metros de comprimento 1011m2 de área e 52 738 mil azulejos.
Mas há muito mais a descobrir, da Amália em calçada portuguesa de Vhils ao Desassossego de Aka Corleone.
Nada como consultar o nosso roteiro alargado de arte urbana.
Fonte: https://www.timeout.pt/lisboa/pt/coisas-para-fazer/roteiro-de-arte-gratis-em-lisboa